Quando a bondade adoece.
- Karen Dias Jones
- 23 de fev. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 4 de ago. de 2020
Sentimentos como raiva, mágoa e tristeza são sentimentos humanos, assim como o amor, alegria, compaixão e etc. Mas por que alguns deles são tão mal vistos?

Sentimentos como raiva e mágoa são sentimentos humanos, assim como o amor, alegria, compaixão e etc. Mas a maioria das pessoas tende a rejeitar os sentimentos negativos, às vezes até mesmo fingindo que eles não existem ou esforçando-se para que sejam abafados.
Na clínica, fica visível o quanto é angustiante para o sujeito perceber que o sentimento que impera (e que geralmente é tamponado), é a raiva, a mágoa ou qualquer outro sentimento considerado ruim, direcionado para alguém importante em sua vida.
É difícil e desconfortável conviver com esses sentimentos escondidos e não demora muito para que emerjam em outras áreas da vida, produzindo sintomas importantes. Alguns deprimem, outros manifestam comportamentos autodestrutivos, e em ambos os casos, os sintomas são comparáveis a uma punição, porque aliviam a culpa interna, dando alguma estabilidade para a angústia. Pois há um pensamento errôneo: Se sinto algo “mal”, logo sou mal.
O que a maioria das pessoas não sabe é que esses sentimentos são importantes para o equilíbrio emocional interno. Evitar que eles apareçam causa ainda mais transtorno do que aceitá-los e entender o que estão a dizer. Na aceitação de um sentimento “ruim”, há a possibilidade de entender quais são os nossos limites nas relações com os outros.
Quem rejeita estes sentimentos encontra-se repetidamente preso em relações insuportáveis de amizade, familiares e amorosas, quando de fato o sentimento real é o desejo de afastamento. Em nome dessa “bondade” (que é na verdade permissividade), o sujeito estende seus limites ao máximo, permitindo-se ser abusado, explorado, criticado e consumido pelo outro de diversas maneiras. São vítimas do controle alheio, encontrando em seus caminhos sempre os mesmos tipos de indivíduos, aqueles que se aproveitam dessa “bondade”.
Assim, esse sujeito “se autojustifica, pois é “santo”, “paciente”, “compreensivo” e consequentemente bom.
Bondade não significa aceitar tudo, bondade não é permitir a invasão alheia.
Ouça o seu interior, se conheça.
Faça psicoterapia.
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