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Buñuel e as pedras ao público

  • Foto do escritor: Karen Dias Jones
    Karen Dias Jones
  • 15 de set. de 2020
  • 2 min de leitura


Luís Buñuel foi um cineasta espanhol surrealista, que revolucionou a história do cinema mundial. Seu primeiro filme foi escrito e dirigido por ele em parceria com Salvador Dali. O lançamento foi em 1929 e o filme chama-se “O cão andaluz”. Película com duração total de 16 minutos.


O movimento surrealista tinha como inspiração a psicanálise e o conceito de inconsciente, que estava em voga na altura (entre outras influências). Buñuel e Salvador Dali inseriram no filme conteúdos de seus próprios sonhos. A primeira cena é marcante e garante ao espectador que não se esqueça da imagem jamais, o filme é um clássico cinematográfico.


Apesar da genialidade, novidade e força dessa obra, Buñuel não estava nada seguro de que o público o entenderia e o apreciaria. Na estreia do filme, Buñuel coletou/colectou pedras e secretamente guardou-as no bolso do seu casaco. Para ele, a vaia não era possibilidade, e sim uma certeza. Estava tão certo que seria vaiado, que criou uma forma de atacar a plateia assim que começassem as vaias.


Sim, Buñuel iria tacar pedras ao público que o assistia, os pegaria distraídos, colocou-se no fundo da sala do cinema para não ser visto. Para sua surpresa, foi aplaudido de pé.

Eis sua afirmação:


O entusiasmo enorme que suscitou “Um Cão Andaluz” me deixou estupefato. Ao final se levantaram e aplaudiram muito; as pedras me pesavam nas calças.

Estava perplexo, mas no fundo contente…”


O que nos leva a pensar sobre este evento em específico.

Buñuel já estava a sentir raiva pela possibilidade de vir a ser rejeitado. Sua certeza era tal, que planejou/planeou uma vingança repleta de deboche, escracho e ressentimento.

Por vezes, podemos estar com tanto receio/medo de sermos rejeitados, não aceitos ou ignorados que acabamos por criar estratégias para nos proteger, ferindo os outros ou nos preparando para um provável ataque.


Aquele evento só dizia sobre ele e o seu pavor de ser rejeitado em algo que era tão importante. O cinema era sua vida e ser rejeitado no que era seu bem maior o mobilizava.

Buñuel atuou/actuou uma atitude disfuncional (e um bocado imatura), por conta do que estava a sentir, sem colocar em perspectiva o absurdo de seu pensamento.


Será que quando somos agressivos com o outro estamos na realidade com medo?

Será que ferimos quando estamos feridos?


A agressividade pode ter múltiplas faces, o medo é apenas uma delas.


Conheça-se. Faça psicoterapia.

 
 
 

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© 2020 por Karen Jones.

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