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5 sinais para identificar a Demência

  • Foto do escritor: Karen Dias Jones
    Karen Dias Jones
  • 23 de fev. de 2020
  • 4 min de leitura

Atualizado: 26 de fev. de 2020

O idoso da família está diferente? Alguns sinais e pontos de atenção.



Luiza* estava mal-humorada e gritava pelo nome da filha, que havia acabado de sair do quarto exausta, minutos antes. Irritadiça, Luiza parecia estar a fazer propositalmente cenas como estas somente com o fim de afetar a todos da casa. Não dormia à noite e parecia querer que todos acordassem, pois emitia sons altos difíceis de decifrar e, ao ser questionada se estava bem, silenciava-se. Questões familiares antigas emergiam e conflitos tornaram-se cada vez mais frequentes. Mas Luiza não foi sempre assim, alguns meses antes esteve internada em decorrência de um grave Acidente Vascular Cerebral – AVC. Sozinha, em sua antiga casa, Luiza caiu e esteve desacordada e incontactável por mais de 8 horas. Foi encontrada no dia seguinte no chão, incapaz de pedir por socorro ou mesmo de compreender o que estava a acontecer. Após o AVC, seu humor mudou, parecia não entender o que havia ocorrido e dizia que havia ferido a perna direita, pois não conseguia movê-la. A família de Luiza esforçava-se ao máximo para ajudá-la, mas nada parecia ser suficiente.

*Luiza é um nome fictício baseado em um caso real.


A demência define-se como uma síndrome caracterizada por declínio da memória associado ao déficit de outra função cognitiva, com intensidade tal que cause danos no desempenho social ou profissional do indivíduo. São tipos de demências: Demência Vascular, Demência devido a condições médicas (como Pick, HIV), Demência do Tipo Alzheimer, Demência Devido ao Traumatismo Craniano, Demência Devido a Doença de Parkinson, Demência Devido ao Uso de Substâncias (Síndrome de Wernicke-Korsakoff no uso crônico de Álcool), entre outros.¹

A demência permeia cada vez mais a realidade de muitas famílias no mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde, todo ano quase 10 milhões de pessoas recebem o diagnóstico de demência, com 1 diagnóstico sendo dado a cada 3 segundos. A previsão é de que em 2050 esse número irá triplicar, chegando a impressionantes 152 milhões de diagnosticados. As causas de demência são inúmeras e sua prevalência duplica a cada 5 anos após os 60 anos de idade.²

Tal aumento nas ocorrências deve-se a uma problemática contemporânea, fruto do aumento significativo da expectativa de vida da população mundial, que resulta na elevação do número de doenças crônico-degenerativas. E cuidar de um ente querido com Demência pode ser um desafio. Um indivíduo que outrora fora plenamente funcional passa a ter dificuldades reais para levantar-se, ir ao banheiro, tomar banho, alimentar-se e realizar atividades corriqueiras. Para além da dependência física, o comportamento do indivíduo também se altera, podendo tornar-se irritadiço e querelante.

O tempo acaba também por ser um fator crucial que impede o suporte familiar, pois a vida continua e as obrigações diárias são necessárias. Por este motivo, muitas famílias não conseguem coincidir vida profissional e pessoal com a nova função de cuidar de um familiar. Cuidar inclui, além da atenção emocional, cozinhar uma refeição diferente da casa (com especiarias diferenciadas), ter atenção a medicações e seus horários, adaptar a residência para evitar quedas, acompanhar o idoso em exames e possíveis visitas ao médico e toda a manutenção de uma vida sob observação. Embora a família seja peça fundamental no cuidado, não possui os conhecimentos necessários para dar o suporte adequado que o paciente acaba por necessitar. Portanto, informações sobre os principais sintomas da Demência são necessárias para conhecimento de todos e, principalmente para quem tem um idoso na família. O diagnóstico feito com antecedência pode auxiliar e muito, na organização do planejamento familiar.



Sintomas e sinais de atenção:


1 – Dificuldades nas obrigações do dia a dia: O idoso pode apresentar dificuldades em desempenhar tarefas que lhe eram comuns: Escovar os dentes, cozinhar, usar o telefone, alimentar-se.

2 – Sente-se desorientado em ambientes e situações conhecidas: Locais e situações que outrora eram conhecidos, tornam-se confusos. O sujeito apresenta incapacidade em reconhecer faces, objetos, manusear utensílios e vestir-se.

3 – Possui dificuldade com palavras e números: Palavras somem e nomear objetos parece mais difícil. Apresenta erros ao falar, troca palavras e fonemas, apresenta dificuldades visíveis para encontrar ou compreender palavras, erros na escrita, fala e leitura.

4 – Perda de memória: O paciente passa a ter dificuldades em aprender informações novas, esquece de eventos importantes, repete as mesmas perguntas e esquece onde guardou determinados pertences com recorrência.³

5 – Mudanças no comportamento e no humor: Alterações no humor, personalidade, comportamento e atitudes, como: Agitação, apatia, desinteresse, desinibição ou comportamentos socialmente inaceitáveis, isolamento social, aparência descuidada e outros.³

Caso reconheça estes sintomas em seu familiar, procure auxílio de um profissional especializado para fazer um diagnóstico adequado. E caso o diagnóstico confirme-se, saiba que há serviços especializados com profissionais treinados especialmente para o cuidado do idoso com Demência.


Karen Dias Jones

Psicóloga

CRP-RJ 05-46558.


Fontes:

¹ - APA - American Psychiatric Association. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. DSM-IV. 4 ° Edição. Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul. 2000.

² - CARAMELLI, P. & BARBOSA, M. Como diagnosticar as quatro causas mais freqüentes de demência? Rev Bras Psiquiatria. São Paulo: 24 (Supl I): 7-10, 2002.

³ - CHENIAUX, E. Manual de Psicopatologia. 4° Edição. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan Ltda, 2011.

4 FROTA, NA et al. Critérios para o diagnóstico de Doença de Alzheimer. Dement Neuropsychol. Fortaleza: 5 (Suppl 1): 5-10, jun de 2011.

5 - WHO - World Health Organization. Global Dementia Observatory GDO. Disponível em: <https://www.who.int/mental_health/neurology/dementia/Global_Observatory/en/>. Acesso em 15 de janeiro de 2020.


 
 
 

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© 2020 por Karen Jones.

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