Somos eternamente nossos erros?
- Karen Dias Jones
- 29 de set. de 2020
- 2 min de leitura

Antônio* (nome fictício), traiu a esposa e ela descobriu de uma forma muito ruim. Isso aconteceu 5 anos atrás, mas do modo como ele relatava, parecia que eram somente 5 meses. Sua visão sobre si mesmo foi ao chão após a traição. A esposa, ao descobrir, separou-se sem que ele conseguisse se desculpar. Antônio afirmou com dor que a pessoa que ele era antes morreu. O arrependimento trouxe tanta dor e culpa que ele começou a apresentar sintomas ansiosos significativos, impedindo que levasse a vida com normalidade. Até hoje não conseguiu pedir perdão para ela.
Afirmava sobre seu erro como se tivesse posto em si mesmo a etiqueta eterna de infiel, cruel e injusto. Mais grave que isso: Passou a punir-se consciente e inconscientemente, sabotando relações, evitando sentimentos intensos e transitando pela borda da vida, como quem tivesse muito medo de ir ao fundo e afogar-se.
Sua questão é como a de muitos outros: O que fazer quando erramos gravemente? Até quando levaremos a culpa de um ato? Mais importante: Seremos eternamente definidos pelos nossos erros?
A culpa aparece na clínica quando o sujeito precisa dar prioridade à sua vida em detrimento aos desejos de pessoas queridas, quando sente mágoa profunda por algum familiar, quando cometeu algum erro no trabalho e muitas outras questões.
Interessante é pensar que se partirmos da mesma lógica usando atos/actos considerados bons socialmente o cenário muda, pois não nos tornamos referências em caridade por ter trabalhado 1 dia como voluntário. Cometer erros não nos torna eternamente pessoas más, mas nos faz relembrar que somos humanos e erramos.
Humanos erram, são egoístas, imaturos, perversos, mas também são bons, caridosos, empáticos, amorosos e muitas outras qualidades.
E mais importante, ao reconhecer nossos erros estaremos sempre em postos com o chicote em mãos para nos punirmos?
Será que estamos sendo nossos próprios carrascos?
Conheça-se. Perdoe-se. Faça psicoterapia.
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